sábado, 7 de abril de 2007

2007 e a teoria do casulo.


27/01/2007
2007 e a teoria do casulo.



Final de férias e final do primeiro mês de ano. Em março eu fico mais velho. Outro aniversário, outros cabelos brancos apontam (aliás, eles sempre se destacam exatamente porque apontam, no meu caso quase sempre para o lado oposto onde todo o cabelo foi penteado com pasta e os dez dedos da minha mão). Depois de um período um tanto quanto conturbado (eu não ousaria mesmo crer que o que passei nessas últimas semanas foram férias) resolvi colocar alguns projetos em dia. Rabisco as primeiras idéias para minha pesquisa de doutorado – o tema pelo menos eu já decidi: entre dois – mas o importante é que já sei onde os livros estão na estante. Também reformei a sala, o banheiro agora tem um espelho legal que posso me ver da cintura pra cima (a antiga moradora havia levado o armário do banheiro e não me pergunte para quê) e principalmente reformei minha pior e mais excitante clausura, ou como diria Faith Popcorn, meu Cooconing ou encasulamento: Meu escritório. Aqui quase tudo dói durante o ano. Abrir os e-mails e receber as notícias de que alguém que você gosta demais não anda mais por aqui (como aconteceu ano passado com a perda de dois grandes alunos). Dói a cobrança de um entre 10 relatórios que você não fez e o prazo já era. Dói o Spam que nada mais era que um vírus te “alertando” que seu nome estava agora na malha fina (mesmo que você já tenho pago tudo, centavo por centavo da sua contribuição ao governo). Dói também a notícia que seu projeto não foi selecionado para aquele festival de arte eletrônica e – o pior – você ainda jurava que um pouco de talento ajudava a furar antigas panelas da elite intelectual paulistana. Aqui também o telefone toca, a Bina avisa e você sabe que deve decidir entre fazer o “set” (o maço de cigarro, um suco, um som de fundo) para ficar mais de uma hora com seu amigo tão solitário e tedioso quanto você ou deve optar em deixar a Bina muda e continuar imerso no Vale do Silício em busca das imagens para o trabalho, da música que você só se lembra do refrão, mas pode te ajudar a dar mais brilho pra essa parte da casa. Alguém falou em casa? Até porque lembrar que a casa existe só acontece mesmo quando o latido do seu cachorro te despluga violentamente do virtualismo. Aí sim, você resolve olhar pro lado e também se lembrar que a janela está há menos de um metro de você e que hoje é dia de feira e ainda tem um dia repleto de tarefas. O que distrai o tédio e dribla o vale é uma passadinha no Orkut. Não sou eu o único que mora sozinho e mesmo antes de entrar em casa deve fazer o ritual: Boa noite Bina! Boa noite Orkut! (excitante hora de medir o Ibope). Enfim, para 2007 o casulo mudou um pouco, cores novas na parede, uma grande porta pra lacrar a imersão, e tudo no lugar certo – pastas prontas para receber bons e não tão bons trabalhos, provas de alunos, artigos para 2007 e planilhas de planejamentos que por enquanto ainda não se fecharam. Posso parecer pessimista neste primeiro texto que publico no blog, mas é assim que me sinto toda vez que me sento frente a essa máquina. Plugado ainda (fazer o que, né PC?). Sugado pelo tempo que passo aqui enquanto outra vida rola lá fora.
Se alguém depois disso quiser me diagnosticar como portador de TOC, um onlineholics, ok! Aceito falar sobre isso! Mas desde que pelo amor de Deus não me tirem o Youtube, o Orkut, meu e-mail, meu I-tunes, o rapidshare, os vlogs e tudo que há de legal e que não me lembrei de falar aqui porque estava trabalhando com eles enquanto redigia o texto.


* Esse texto estava hospedado no meu antigo blog.

4 comentários:

  1. Nossa Edu, adorei o texto. Mas não se desespere, sua vida é tão complicada como de qualquer paulistano. Hoje em dia, somo todos refens dessa vida on line, cheia de novidades e cores, mas não temos tempo para a vida real que passa rápido demais.
    Força sempre!
    Beijão
    Lu

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  2. Fala Edu!!Bom agora pelo menos podemos deixar os nossos comments hehehehe.Meu velho(é uma gíria ok?), espero que você consiga realizar todos estes seus projetos e claro, mostre para nós meros mortais bele?Seu blog já ta lá no Lunáticos bele?

    Abraço!!

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  3. Oi Dú, demorou mas entrei. Adorei o seu texto, sei que é tudo isso e muito mais que passamos nessa vida louca.
    Continue sempre assim.....
    Beijos
    Valéria

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  4. Edu.
    Talvez por também ser regida pelo singo de Áries, analiso friamente as coisas como você. Parece que em determinadas fases da vida, tudo o que parece ser real (real?) torna-se irreal e o contário. Acordar de tudo isso, dizem, é uma opção de fácil acesso; é a "recolocação da ordem comum da vida".
    Bom... se fosse fácil, simples, acessível e/ou quantos mais sinônimos você queira colocar; os livros de auto-ajuda (com um pouco de auto-análise) não seriam os mais procurados nas livrarias.

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